1º Encontro Nacional dos Agricultores Indígenas.‘É possível mudar lei para indígena produzir em larga escala’, diz ministra
A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a vontade dos índios é soberana e eles devem decidir o que querem fazer.
Para ministra, é preciso acabar com “a miséria e a manipulação que existe hoje em torno dos povos indígenas”
Ronaldo Paresi, presidente da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Parecis, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), comemorou a presença das autoridades no evento, uma vez que fortalecerá o pedido junto ao Governo Federal.
“Nosso objetivo foi cumprido. Nós conseguimos trazer aqui os ministros, o governador e autoridades que podem nos ajudar e dar apoio para continuarmos a nossa produção. Isso nos dá dignidade. A vinda deles aqui é importante para que todos vejam que com autonomia, nós somos capazes de fazer muito. Por isso a gente convidou todo mundo”, declarou.
Arnaldo, um dos líderes dos Paresi, na lavoura de soja em Campo Novo do Parecis (MT)
(Foto: Mayke Toscano e José Medeiros)
Com este projeto, MT garante apoio para ampliação de fontes de renda aos indígenas.
O encontro teve a presença dos ministros de Meio Ambiente, Ricardo Salles, e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do governador Mauro Mendes, deputados federais e estaduais.
A cacique Miriam, da Aldeia Bacaval, em Campo Novo do Parecis (MT) (Foto: José Medeiros)
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que é possível mudar a legislação para que os agricultores indígenas possam produzir em larga escala em suas terras. “A lei pode ser mudada; é para isso que nós estamos lá no Congresso Nacional”, diss, no 1º Encontro Nacional dos Agricultores Indígenas, realizado na aldeia Matsene, em Campo Novo dos Parecis (MT).
“As coisas evoluem, as coisas mudam, a vontade de vocês é soberana. Isso está na normativa da OIT (Organização Internacional do Trabalho), vocês têm de decidir o que vocês querem fazer, qual a vontade dos povos indígenas”, afirmou.
Foto: José Medeiros/Editora Globo
A ministra disse também que este é um momento de renascimento, e que o exemplo do povo Paresi pode contribuir para “mudar a miséria e a manipulação que existe hoje em torno dos povos indígenas do Brasil”.
Os indígenas entregaram à ministra uma carta de reivindicações pedindo uma linha específica de crédito para que possam adquirir insumos e maquinário, além de mudanças na lei que impede a comercialização do que é produzido nas terras da União, entre outras demandas. Tereza Cristina disse concordar com as reivindicações.
O povo Paresi é formado por mais de dois mil indígenas e se destaca no plantio de grãos, como soja, milho, mandioca, abóbora, batata, batata-doce, feijão. “A maioria das reivindicações dos indígenas dessa região é em relação ao apoio da Funai para que as comunidades possam plantar em suas terras. Sabemos que se eles não puderem plantar, irão para a beira da estrada, pedir esmolas. Não podemos permitir que isso aconteça", afirma o presidente da Funai, general Franklimberg de Freitas.
Na safra 2018/2019, foram plantados, no município de Campo Novo dos Parecis, 8,7 mil hectares de soja, mil de milho e 300 de arroz. Para a safrinha deste ano, a previsão de plantação é de 7,7 mil hectares de milho convencional, 6 mil de feijão, 1,4 de girassol e 500 de milho branco, totalizando 15,6 mil hectares.